Manoel de Oliveira, quiçá o nome mais célebre do cinema português, faleceu aos 106 anos de idade e antes disso construiu uma notável carreira com largas dezenas de créditos fílmicos.
O autor que chegou a afirmar-se como o cineasta mais sénior do mundo ainda em atividade, deixou-nos um grande legado na 7.ª arte. Em março, mais especificamente no dia 31 de março, o AXN Movies recupera parte desta herança com a exibição de “O Estranho Caso de Angélica” (2010).
O Estranho Caso de Angélica no AXN Movies
A 31 de março, último domingo do mês, pelas 21h10, exibe “O Estranho Caso de Angélica”. Este drama fantástico de Manoel de Oliveira conta com prestações centrais de Pilar López de Ayala e Ricardo Trêpa e destaca-se como uma das últimas obras que o cineasta realizou no campo das longas-metragens (isto embora tenha continuado a trabalhar em curtas até à sua morte em 2015).
Narra-se a fantástica história de Isaac, um fotógrafo jovem que se encontra alojado numa pensão modesta na Régua. Eis que é chamado para fotografar Angélica, uma jovem rica que morreu no dia do seu casamento. Deslumbrado com a beleza da recém-falecida, Isaac vê-se surpreendido por um estranho fenómeno: Angélica parece ganhar vida e sorrir-lhe de cada vez que a olha através da objectiva. A partir daqui, sente-se assombrado pela sua presença, seja dia ou noite.
O percurso de uma das últimas obras de Manoel de Oliveira
Esta “fábula de amor fantástico”, como apelidada pelo Chicago Tribune, percorreu o mundo e gozou de um meritório percurso internacional. Em Cannes, foi nomeado na categoria importante “Un Certain Regard”; na mítica revista francesa de cinema Cahiers du Cinéma foi distinguido como o segundo melhor filme do ano, empatado com “A Árvore da Vida” de Terrence Malick; nessa mesma publicação foi, já em 2019, declarado como um dos melhores filmes da sua década. Já para a revista “The New Yorker” foi o 8.º melhor filme de 2010.
“The Strange Case of Angelica” na distribuição internacional, a longa-metragem passou por dezenas de países, com uma vasta e obrigatória rota de festivais. Para além de Cannes, onde estreou, passou pela Austrália e pelo seu Melbourne International Film Festival, pelo incontornável TIFF no Canadá, pelo também famoso New York Film Festival ou ainda pelo Festival Internacional de São Paulo (entre tantos outros).
Comercialmente, a obra passou pelas salas de nações como a Holanda, Argentina, Brasil, China, Estados Unidos ou Japão. Por toda a parte, encantou com a sua narrativa invulgar que explora de forma distinta a natureza da fotografia ao recordar o antigo hábito de fixar as imagens daqueles que nos deixam.
Uma reflexão curiosa, distinta e apaixonante, a ver no AXN Movies, a 31 de março às 21h10, por ocasião de mais uma oportunidade para explorar o ciclo Cinema à Portuguesa.