A 17 de fevereiro comemora-se um ano desde que o AXN Black se reconfigurou como AXN Movies, passando a focar a sua programação unicamente em obras cinematográficas. Com o intuito de assinalar este marco o canal continua a evoluir em termos de dinâmicas, lançando o novo ciclo especial “Cinema à Portuguesa”.
Este especial dedicar-se-á a homenagear o melhor da produção de cinema a nível nacional. As obras portuguesas selecionadas serão sempre exibidas no último domingo de cada mês. No dia 28 de fevereiro, pelas 21:10 e para arrancar em altas, estreia a longa-metragem nacional “Pedro e Inês” (2018). A obra foi realizada por António Ferreira, autor que ganhou notoriedade com a obra “Respirar (debaixo d’água)”.
“PEDRO E INÊS” – A MAIS BELA HISTÓRIA DE AMOR PORTUGUESA
Diz-nos a História que Inês de Castro foi uma nobre nascida na Galiza entre 1320 e 1325. Filha ilegítima de um nobre galego – Pedro Fernandes de Castro – e de uma Dama Portuguesa. A sua linhagem real tornava-a prima em terceiro grau do seu futuro amante, o príncipe Dom Pedro. Inês chegou a Portugal em 1340, como aia da sua prima D. Constança Manuel, que estava prometida a D.Pedro. Contudo depressa D.Pedro se viu apaixonado por Inês de Castro, impulsionando a que o Rei D.Afonso IV, pai de Pedro, decidisse exilar Inês na fronteira espanhola em 1344.
D.Constança e D.Pedro prosseguiram com o seu casamento, tiveram vários filhos e D.Constança morreu ainda jovem pouco depois de dar à luz. Depois da morte de Constança, Inês voltou a Portugal e teve quatro filhos de D. Pedro. A História e o Mito diz que foram muito felizes durante largos anos. Em 1355 Inês de Castro foi degolada, em Coimbra, junto ao Convento de Santa-Clara-A Velha, enquanto Pedro se encontrava ausente numa caçada. A morte foi encomendada pelo Rei D. Afonso IV, pai de Pedro, que desaprovava o início da relação tendo por base o adultério, e receava também que Inês se tornasse Rainha e a família Castro passasse a influenciar os destinos do país.
Pedro nunca esqueceu Inês – quando subiu ao Trono mandou executar os assassinos da sua amada, arrancando-lhes os corações, e declarando Inês Rainha. A Quinta das Lágrimas, onde se encontravam em segredo e onde Inês foi assassinada, assumiu um carácter mítico, como um local onde o sangue de Inês marcou para sempre as pedras da fonte – as quais ainda hoje parecem apresentar uma estranha e inexplicável mancha avermelhada.
Ainda em vida o Rei D.Pedro mandou construir dois belos túmulos que se encontram no Mosteiro de Alcobaça, onde agora os dois amantes repousam eternamente.
“PEDRO E INÊS” (2018) – COMO DAR NOVA VIDA A UM ROMANCE CLÁSSICO
A história trágica de amor entre o Rei D.Pedro I e Inês De Castro é quiçá a mais bela e romantizada da monarquia portuguesa. É uma história que se tornou estória – situada algures entre os reinos da realidade, do mito e da fição – e que no ano de 2018 recebeu um tratamento particularmente contemporâneo por parte de António Ferreira.
Esta produção cinematográfica, protagonizada por Diogo Amaral (“Perdidos”) e Joana de Verona (“Como Desenhar um Círculo Perfeito”), procurou intensificar o amor infindável de Pedro e Inês. Retrata-o como o mais puro e impossível de contrariar dos amores. Acompanhamos os amantes em três épocas distintas: presente, passado e futuro. A ambiciosa obra de António Ferreira explora esta paixão ardente através dos tempos, uma e outra vez. Contudo, as circunstâncias alteram-se mas algo é constante: a sua relação está sempre condenada à tragédia. Em todas as linhas temporais temos Pedro, a sua amante Inês e a esposa Constança – Vera Kolodzig, bem como certos elementos centrais, como a recusa do pai de Pedro em aceitar a relação. O final trágico está também sempre garantido.
Aqui, com igual medida de perversão e beleza, assistimos a um mundo que se transforma uma e outra vez , mas também à narrativa de dois amantes que se mantêm inalterados e eternos. O que se retrata, nas palavras do próprio protagonista, é um “amor sem tempo nem espaço, materializado na História”.
OS FESTIVAIS E PREMIAÇÕES DE “PEDRO E INÊS”
Esta narrativa melodramática e histórica, adaptada ao aqui e agora, marca pela originalidade e audácia. Em consequência das suas virtudes, foi uma obra falada e que traçou um saudável percurso de festivais e premiações. Destacam-se, entre estes:
– Premiação Nacional CinEuphoria Awards: Vitória do Prémio de Melhor Elenco na Competição Nacional e nomeações para Melhor Ator, Melhor Atriz Secundária, Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Música Original, Melhor Guarda Roupa e Melhor Trailer;
– Premiação Nacional Coimbra Caminhos do Cinema Português: Nomeação a Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Fotografia, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Direção de Arte, entre diversas outras indicações;
– Premiação Nacional: Prémios Sophia: Academia Portuguesa de Cinema – Nomeação a 10 categorias, incluindo Melhor Realizador, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Argumento Adaptado;
– Festival de Cinema de Hamburgo: Alemanha – Nomeação a Prémio do Público;
– Festival de Cinema Internacional de África: AFRIFF – Panorama Internacional;
– Festival de Cinema Latino de Chicago: Nomeação ao Prémio do Público na categoria de fição;
– Festival de Cinema do Mundo de Montréal – Nomeação ao Grande Prémio de Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz;
– Festival Internacional de Cinema de São Paulo – Nomeação para Melhor Filme na Competição de Novos Realizadores;
(Entre diversas outras premiações…)
CURIOSIDADES RELATIVAS AO PROCESSO DE PRODUÇÃO (E não só)
O filme adapta a obra “A trança de Inês”, de Rosa Lobato de Faria. A narrativa literária, tal como o filme, passa-se em três realidades distintas. Das três linhas temporais, o livro dá maior destaque à Idade Média. O filme chegou a assumir “A trança de Inês” como título provisório enquanto se encontrava em pré-produção;
A longa-metragem estreou em Portugal a 18 de outubro de 2018, tendo-se tornado no filme português mais visto de 2018 no final de Novembro, depois de ultrapassar os 45.500 espectadores em sala;
“Pedro e Inês” é uma co-produção entre Portugal, França e Brasil. Sete produtoras a nível nacional e internacional estiveram envolvidas neste projeto; No inglês o título do filme foi alterado para “The Dead Queen” – a Rainha Morta. Diversos países, como Espanha, Itália, Alemanha ou França, adotaram também este como título alternativo. No Brasil complementou-se o nome da obra com “Pedro e Inês: O Amor Não Descansa.” O filme teve significativa exposição internacional, inclusive encontrando-se disponível para visualização em serviços de streaming nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Os amantes mais inebriantes da História de Portugal chegam ao AXN Movies já no domingo, 28 de fevereiro, pelas 21:10. Representam o melhor “Cinema à Portuguesa”.