O AXN Movies distingue-se através de uma programação temática altamente especializada, com ciclos capazes de agradar a públicos diversos.
Em março é tempo de explorar o “Especial Vive e Deixa Morrer”, trocadilho com o nome do filme do 007 “Live and Let Die”, um clássico James Bond lançado em 1973.
O “Especial Vive e Deixa Morrer”, exibido entre os dias 5 a 26 de março, pode ser visto todas as sextas às 21:10. Quatro filmes povoam esta programação, todos eles únicos e com um contexto partilhado. São obras de acção dramáticas, três delas situadas no plano temporal da Segunda Guerra Mundial. Todas elas ilustram histórias de sacrifício e heroísmo, muitas delas em prol do bem comum. No mês de março é tempo para histórias situadas em “Tempos de Guerra”.
São estas as longas-metragens a exibir no AXN Movies, sempre às sextas e pelas 21:10:
LAND OF MINE (2017) – 5 de março | País: Dinamarca | Realização: Martin Zandvliet | Intérpretes: Roland Møller, Louis Hofmann, Joel Basman
HOMENS DE CORAGEM (2012) – 12 de março | País: Estados Unidos da América | Realização:Mike McCoy, Scott Waugh | Intérpretes: Alex Veadov, Roselyn Sanchez, Nestor Serrano
IMPÉRIO DO SOL (1987)-19 de março | País: Estados Unidos da América | Realização: Steven Spielberg | Intérpretes: Christian Bale, John Malkovich
RESISTENTES (2008) – 26 de março | País: Unidos da América | Realização: Edward Zwick | Intérpretes: Daniel Craig, Liev Schreiber, Jamie Bell
Ao contemplarmos os títulos deste ciclo depressa compreendemos que por muito que certos elementos os afastem, como o ano de realização ou até mesmo o continente em que foram produzidos, há uma transversalidade temática capaz de nos inspirar em períodos inóspitos e de incerteza na história da humanidade. Estas quatro narrativas que podem ser vividas nos serões de sexta-feira, no AXN Movies, falam do espírito de camaradagem e do altruísmo partilhado por equipas de homens submetidos à mais dura das provações – o conflito armado.
LAND OF MINE (2017) E UM OUTRO LADO DA HISTÓRIA
Transmitem-nos, por exemplo, multiplicidade de visões em relação ao que foi a Segunda Guerra Mundial. “Land Of Mine” situa-se longe do mundo do cinema de Hollywood, e esta perspetiva em muito pode enriquecer a que tradicionalmente nos é sugerida, não só do “lado ” dos norte-americanos, mas do lado do eixo dos Aliados. O filme dinamarquês “Land Of Mine” coloca-nos do lado das linhas do “inimigo”. A narrativa recupera o fatídico destino de alguns jovens soldados alemães que, dada por terminada a Segunda Guerra Mundial, não tiveram direito a voltar a casa. Como prisioneiros de guerra foram entregues às autoridades da Dinamarca, e forçados nesse país a desenterrar milhões de minas terrestres que aí haviam sido colocadas pelas Forças do Eixo – o esforço Nazista/Fascista.
Esta seria a forma de retribuição, o castigo a pagar por estes jovens que lutaram em nome de Hitler. A história de “Land Of Mine” baseia-se numa realidade tragicamente concreta e verdadeira – a de muitos homens que perderam a vida ou ficaram mutilados em consequência desta decisão política, uma das mais nocivas na história moderna da Dinamarca. O poder do filme neste ciclo passa por explorar o espírito de camaradagem e também a aceitação da diferença. Aos olhos do Sargento responsável por supervisionar esta tarefa cruel, os jovens alemães vão ficando cada vez mais humanizados. Crianças inexperientes presas numa guerra que não determinaram. Esta obra altamente premiada, e nomeada ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, é um abrir de olhos sempre necessário.
HOMENS DE CORAGEM (2012) E O SACRIFÍCIO COMO TEMÁTICA FÍLMICA
“Homens de Coragem” situa-se num território mais comum na ficção de guerra norte-americana – o dos atos valorosos de muitos, do coletivo, na defesa de cada um dos seus membros e de uma pátria. O exemplo mais emblemático desta abordagem tópica é o sempre incontornável “O Resgate do Soldado Ryan” (1998), de Steven Spielberg, realizador que marca também presença neste ciclo com mais uma das suas narrativas pacifistas. No filme de Spielberg um grupo de homens corajosos compreendem a futilidade da guerra à medida que se embrenham numa missão de puro altruísmo que os leva a questionar a própria razão da moralidade, sem nunca a abandonarem.
A longa metragem “Homens de Coragem”, que se insere neste ciclo e exibe no segundo fim-de-semana de março, conta também uma destas histórias de heroísmo. Não nos leva pela via de uma desoladora viagem às praias da Normândia, mas transporta-nos para uma realística jornada. Inspirado em factos verídicos, “Act of Valor”, no inglês, acompanha um grupo de Navy SEALS dos EUA, o Bandito Platoon, à medida que se colocam em perigo numa missão de elevado risco. São muitas as vidas que dependem dos seus atos de bravura e nada os pode fazer vacilar. Este filme não só recupera o tópico recorrente no cinema de guerra, acerca do bem comum acima da invididualidade, como se pauta pela inovação técnica. Neste caso “Homens de Coragem” leva a luta até um palco mais global, à medida que as personagens centrais se lançam numa “caça ao homem” com impacto mundial. O enredo baseia-se, apesar de ter bastante espaço para a interpretação cinematográfica, numa missão real marcante que ocorreu na América do Sul.
IMPÉRIO DO SOL (1987) E A INOCÊNCIA EM OPOSIÇÃO AO HORROR
A terceira semana do mês de março traz, ao AXN Movies, mais uma versão abrangente daquela que é a percepção da Guerra. Steven Spielberg não criou só uma obra-prima sobre guerra, nem sequer apenas uma obra-prima acerca da WWII. Se já aqui falámos do valor do sacrifício em “O Resgate do Soldado Ryan”, diversas outras obras do mítico realizador conferem um cunho extremamente belo às lentes utilizadas para analisar conflitos bélicos. O massivo “A Lista de Schindler” (1993) é sempre uma referência que nos vem à mente quando falamos da compaixão que Spielberg emprega no tratamento destas temáticas.
Neste ciclo encontramos o belíssimo “Império do Sol”. Se o primeiro filme exibido do mês nos dá a perspectiva de jovens adolescentes do lado da barricada Nazi, se o segundo nos ensina o que é fazer parte de uma organização militar (e que pesadas responsabilidades tal acarreta), “O Império do Sol”, filme nomeado a seis óscares e adaptado a partir da obra auto-biográfica de J.G. Ballard , diz-nos o que é a guerra a partir dos olhos de uma criança. Aqui encontramos o primeiro grande papel de Christian Bale, ainda com 13 anos, como o protagonista Jim. É capaz de brilhar, de forma inesquecível, ao lado do Basie de John Malkovich. Já a banda sonora do mítico John Williams, nomeada ao óscar, ficaria para sempre no tecido da história do cinema.
O Jim de Christiane Bale é um jovem rapaz inglês que luta pela sobrevivência na China ocupada pelo Japão no decurso da Segunda Guerra Mundial. Esta insólita história verídica encontra este rapaz num momento em que é inesperadamente enviado para o campo de detenção de Soo Chow, Shangai. No seio da doença, sofrimento e escassez de recursos no campo, Jim mantém o espírito positivo da infância. A sua determinação ajuda a restaurar a alegria e força de viver aos que partilham o espaço do campo consigo.
RESISTENTES (2008) E OS HERÓIS DO DIA-A-DIA
Revisto o espírito de coletividade em tempos de guerra na perspetiva dos jovens nas linhas inimigas, a partir dos olhos de uma criança no lado dos oprimidos e a partir dos profissionais militares de carreira da Marinha, chegamos ao último fim de semana do mês e à exibição de “Resistentes”. Este filme, uma vez mais, leva-nos para uma perspetiva não de campo de batalha mas muito mais personalizada, encontrando o povo e a sua resiliência. A acção situa-se em 1941, e confronta-nos com a exaustiva perseguição do povo Judeu. Esta é uma perspetiva micro da guerra, mas que não é assim tão distinta das que nos colocam no centro do conflito.
Acompanhamos três irmãos confrontados com a invasão da sua aldeia. Perante esta ameaça, no decurso da Segunda Grande Guerra, os três irmãos refugiam-se na floresta. É aí que organizam uma resistência que permite proteger muitos refugiados de guerra. Estes irmãos judeus vivem na Europa de Leste, junto das florestas da Bielorússia, onde se juntam à resistência russa contra a ocupação alemã e edificam uma comunidade para salvar cerca de mais de 1000 não-combatentes judeus. Esta perspetiva é única entre os quatro filmes emitidos, e pouco comum no cinema de Hollywood, que tende a focar-se em eventos passados na Europa Ocidental ou nos Estados Unidos da América. Esta perspetiva Soviética acrescenta complexidade a este ciclo situado em “Tempos de Guerra”. A frase promocional deste filme é “A liberdade começa com um ato de rebeldia” e baseia-se numa história de heróis reais.
Estes filmes, todos eles baseados em pessoas reais e experiências concretas de provação e situações limite, situam-nos na Dinamarca, na China e na Bielorússia ocupadas pelas forças do Eixo ou ainda numa missão internacional. Dizem-nos de onde vem a esperança e a capacidade de resistência, de fontes díspares, improváveis e sempre pertinentes – hoje, ontem e no futuro.
Dizem-nos o que é “Viver e Deixar Morrer” em Tempos de Guerra, todas as sextas-feiras, pelas 21:10, no mês de março, no AXN Movies.